"OS PARALAMAS DO SUCESSO & GILBERTO GIL"
13/04/2019 - Espaço das Américas - São Paulo - SP
Apresenta: "Versão Brasileira"

Por Ricardo Yasuda | Fotos: Edi Fortini
(publicada em 17, abr, 2019 | 11h07)

O projeto Versão Brasileira, em sua sétima edição, reuniu dois grandes nomes da música brasileira no último sábado, 13 de abril, no Espaço das Américas: Gilberto Gil e Os Paralamas do Sucesso. O projeto já reuniu artistas como Zeca Pagodinho e Seu Jorge, Zé Ramalho e Nando Reis, Jorge Ben Jor e Criolo. Só que a parceria entre Gil e Paralamas é bem mais antiga: eles colaboraram na faixa "A Novidade", do álbum "Selvagem?", de 1986, e já dividiram o palco várias vezes.

Para aquecer o público que chegava ao Espaço das Américas, o Dj Kefing tocou grandes sucessos da música brasileira, mais voltada para a MPB, antes do show de Gilberto Gil, que estava previsto para começar às 22:00.

Às 22:20, Gilberto Gil entra no palco com "Tempo Rei". Logo em seguida, emenda duas de Bob Marley: "Is This Love" e "No Woman No Cry", na sua versão "Não Chore Mais", escrita durante e sobre a ditadura militar. Ainda sobre a ditadura, houve "Aquele Abraço", composta logo antes do exílio do artista em Londres. Nessa música, o microfone falhou, mas ele não parou de cantar, até que o equipamento foi substituído antes do final dela.

Gil deu uma pausa na turnê do seu novo disco "OK OK OK" e fez um show composto quase que totalmente por seus clássicos e covers de outros artistas. Dentre os clássicos, estão "Andar com Fé", "Drão", "Vamos Fugir", "Palco" e "Realce", além da mais recente "Esperando na Janela", o que fez vários casais começarem a dançar na pista do EDA. Já entre as homenagens, "É Luxo Só", de Ary Barroso, "Pro Dia Nascer Feliz", de Cazuza, e "Maracatu Atômico", do amigo Jorge Mautner, imortalizado na voz de Chico Science.


A banda que o acompanha inclui três de seus oito filhos: Bem Gil, na guitarra, José Gil, na bateria e a filha mais velha, Nara Gil, nos backing vocals. Ela é a inspiração para a música "Toda Menina Baiana", que encerrou o show de cerca de 1 hora e 10 minutos.

No intervalo entre as bandas, volta o DJ tocando músicas nacionais, só que agora mais inclinadas ao rock, já que os Paralamas estavam para entrar.

O trio entrou já 5 minutos após a meia-noite, com Herbert Vianna em sua cadeira de rodas numa plataforma elevada, começando com a faixa-título do último álbum, "Sinais do Sim". A partir daí foram hits em cima de hits, passando por toda a carreira da banda (acredito que somente "Hoje" e "Severino" não tiveram canções contempladas). Começou já com "Meu Erro", pra levantar o público logo de cara, e logo depois "Lourinha Bombril". Já na quarta música, Herbert Vianna chamou Gilberto Gil de volta ao palco para cantar "A Novidade", de sua autoria, e também "Alagados".

Antes de "La Bella Luna", Herbert disse que era uma música antiga, que talvez alguns presentes ainda nem tivessem nascido. Ela é de 1996, do álbum "9 Luas".

Uma coisa interessante do show foi que a área destinada a cadeirantes era bem perto do palco, numa plataforma também elevada, e com visibilidade total da banda, do lado do palco onde estava Herbert. Um show onde o artista é cadeirante teve estrutura melhor para seus espectadores cadeirantes. Todo show deveria ser assim.

Falando em direitos sociais, a banda continuou o show com "O Calibre" e "Selvagem", emendando com "O Beco". As três músicas falam sobre a violência, tanto de bandidos, como do governo e da polícia, que também é governo. As músicas continuam infelizmente tão atuais quanto foram no momento em que foram escritas. Herbert ergueu o punho, o que foi prontamente imitado pela plateia.

Amenizando um pouco o clima, teve "Aonde quer que eu vá", "Cuide bem do seu amor", "O Amor não sabe esperar" e "Você / Gostava Tanto de Você", cover já famosa de Tim Maia. Pra completar, a divertida "Melô do Marinheiro".

Já caminhando para o final do show, tivemos "Lanterna dos Afogados" e "Caleidoscópio", um blues que é um ritmo que Herbert descreveu como uma coisa que, como muitas na história da música, os negros criaram e os brancos foram lá se apropriar disso.

O show fechou com "Uma Brasileira", "Ska" e "Vital e Sua Moto", com uma pequena inserção de "Que País é Esse", da Legião Urbana.

Para o bis, houve uma introdução instrumental, mostrando a grande competência de João Barone na bateria, Bi Ribeiro no baixo, além dos músicos de apoio, João Fera (teclados), Monteiro Jr. (sax) e Bidu Cordeiro (trompete). "Cinema Mudo" e "Óculos" fecharam a noite que acabou às 2 da manhã. Noite cheia para os fãs da música brasileira.

SET LIST GILBERTO GIL: 1. Tempo Rei / 2. Is this Love / 3. Não Chore Mais / No Woman No Cry / 4. É Luxo Só / 5. Andar com Fé / 6. Aquele Abraço / 7. Drão / 8. Tocarte / 9. Pro Dia Nascer Feliz / 10. Nos Barracos da Cidade / 11. Vamos Fugir / 12. Palco / 13. Realce / 14. Esperando na Janela / 15. Maracatu Atômico / 16. Toda Menina Baiana.

SET LIST OS PARALAMAS DO SUCESSO: 1. Sinais do Sim / 2. Meu Erro / 3. Lourinha Bombril / 4. A Novidade (com Gilberto Gil) / 5. Alagados (com Gilberto Gil) / 6. Uns Dias / 7. La Bella Luna / 8. Ela Disse Adeus / 9. O Calibre / 10. Selvagem - O Beco / 11. Aonde Quer que Eu Vá / 12. Cuide Bem do seu Amor / 13. O Amor Não Sabe Esperar / 14. Você / Gostava Tanto de Você / 15. Melô do Marinheiro / 16. Carro Velho / 17. Perplexo / 18. Lanterna dos Afogados / 19. Caleidoscópio / 20. Uma Brasileira / 21. Ska / 22. Vital e sua Moto - Que País é Esse / 23. Instrumental / 24. Cinema Mudo / 25. Óculos.