Texto e fotos: Luiz Soncini e Luciana Ribeiro
(publicada em 13, jun, 2023 | 14h05)

A temporada dos grandes festivais de Portugal foi aberta mais uma vez pelo “JN North Festival”. Na sua quinta edição e instalado na histórica Alfândega do Porto, o evento organizado pela “Vibes & Beats” trouxe, mais uma vez, diversidade de serviços, programação eclética e passeios de barco rabelo pelo Rio Douro a vislumbrar a belíssima paisagem do entorno; tudo a proporcionar experiências ímpares aos festivaleiros, demonstrar evolução e se firmar como um festival urbano e plural.

O North Festival arrancou na sexta-feira, 26 de maio, com a atuação dos portuenses Jafumega, comemorando seu 45º aniversário, com uma nostálgica e emotiva homenagem ao teclista e compositor Eugénio Barreiros, falecido em 2020. Também a tocar em casa, foi a vez do rock sagaz dos míticos Trabalhadores do Comércio, a apresentar temas do álbum “Objecto”, que será lançado este ano, para além de clássicos como “Chamem a Polícia”, conseguiram animar o já composto público presente. Mesmo com as alterações urgentes, devido a um problema de saúde da baterista, e com poucas horas de ensaio; o endiabrado Paulo Furtado montou sua banda com o virtuoso saxofonista João Cabrita, colocou seu baixista habitual no lugar da Katari na bateria e para o baixo e teclas chamou o "heroico" Ed Gonçalves dos “Best Youth”, desta forma o The Legendary Tigerman entrou em palco com toda sua energia e envolveu o público com seu magnetismo sonoro, sem transparecer em nada os contratempos daquele dia. Também dos Best Youth, Catarina Salinas presenteou a audiência com sua bela voz e interpretação da versão de “This Boots are Made for Walking”, de Nancy Sinatra e “Good Girl”, primeiro single do próximo álbum do Tigerman. Com o palco transformado numa espécie de floresta psicodélica, os colombianos Bomba Estéreo, liderados pela cativante vocalista Li Saumet, surpreenderam positivamente com a sua sonoridade “Electro Tropical”, efeitos fluorescentes e visual hipnotizante. A continuar com o forte estrondo visual e sonoridades eletrónicas mais vibrantes, Tom Rowlands e Ed Simons, aka The Chemical Brothers, incendiaram a audiência e fizeram um poderoso espetáculo para fechar em grande a primeira noite do festival.


Independentemente das preferências musicais, das avaliações de qualidade ou descortinar as intenções dos investimentos do Agronegócio Brasileiro para alavancar a carreira de alguns nomes elencados para a segunda noite do festival; a verdade é que o sábado, apesar de períodos ainda mais chuvosos que a noite anterior, recebeu uma verdadeira enchente de público e a organização acertou em cheio no alinhamento repleto de ritmos mais “calientes” e com artistas populares nas plataformas de streaming e redes sociais.

Nininho Vaz Maia, artista português que mescla o flamenco e a tradição cigana, iniciou a tarde com um público já entusiasmado. Com uma ascensão meteórica, a “boiadeira” Ana Castela entrou em palco a seguir, entre chapéus, botas e um misto de fitas coloridas e fogo a cantora mais ouvida no Spotify Brasil deixou seus fãs em euforia. Seguiu-se Gustavo Mioto, também dentro das vertentes “sertanejas” e com uma carreira mais alicerçada, fez uma apresentação para seu devoto público em meio a uma constante chuva.

Há mais de uma década sem tocar na cidade invicta, Ivete Sangalo encerrou em festa (de aniversário) a segunda noite do North Festival 2023. O furacão brasileiro, por cerca de duas horas, conseguiu apenas parar a chuva, fazendo os fãs dançar, pular e cantar todos os seus êxitos. Ivete, junto de sua família (filho nas percussões e uma da gémeas de 5 anos a encantar o público em algumas músicas), completou ali os seus 51 aninhos e foi recompensada com um uma inundação de carinho e energia dos devotos e entusiasmados lusos e brasileiros. A cantora exaltou a importância e amor que sente por Portugal e prometeu regressar para outras noites memoráveis como aquela.

O domingo abriu com a apresentação do músico portuense Tiago Nacarato, que traz das suas raízes brasileiras uma viagem entre a Bossa Nova e temas de sua autoria, atraiu o público, ainda a se compor, com sua boa disposição em meio aos últimos raios de Sol do dia. The Black Mamba, banda portuguesa liderada por Tatanka, entrou na sequência com sua primorosa mistura de Rock, Blues e Soul e fez uma notável apresentação, com destaque ao arrepiante uníssono do público no tema “Love is on My Side”, que representou Portugal na Eurovisão em 2021. Participante da primeira edição do North Festival em 2017, o veterano Pedro Abrunhosa e os demais membros de sua banda enfrentaram valentemente a insistente e intensa chuva que não afugentou a repleta audiência presente para assistir este cultuado e galardoado artista da Pop Rock Portuguesa. Com a camisa do Manchester United, alusão a sua equipa e a Cristiano Ronaldo, um dos maiores nomes da Pop Britânica e estreante no Porto, Robbie Williams entrou em palco com a responsabilidade de encerrar em grande a edição deste ano, e podemos adiantar que cumpriu com o esperado, deixando, porém, a impressão que poderia ter se alongado um pouco mais. De qualquer forma não faltou empatia com o público, boas vibrações e desfile de vários êxitos, com espaço para um tema da sua "ex-boy band” Take That, uma versão de “Don’t Look Back in Anger” dos Oasis e fez um final apoteótico com “Angels”.

Com avaliações muito positivas por parte dos festivaleiros, participação de 50 mil pessoas e impacto económico na cidade superior a 15 milhões de euros, a quinta edição do festival demonstra maturidade e força para alcançar patamares ainda mais elevados.

Anseia-se desde já a 6ª edição, a bússola continua a indicar o Norte, o North Festival.

Website: www.northmusicfestival.com
Contact: geral@vibesandbeats.pt