Por Aline Narducci | Fotos: (divulgação)
(publicada em 2, out, 2023 | 09h24)

Depois de seis anos, o Ghost retornou ao Brasil, onde realizou o primeiro de seus dois shows em São Paulo na última quarta-feira, dia 20. Contudo, contratempos relacionados à logística prejudicaram o início da noite, impedindo que a banda Crypta realizasse a abertura do espetáculo devido a atrasos na chegada de seus equipamentos. Os fãs ansiosos enfrentaram uma longa fila do lado de fora do Espaço Unimed, pelo show que os esperava.

O espetáculo teve início quando a banda oficialmente apresentou a intro "Imperium", ainda com as cortinas suspensas. O carismático Papa Emeritus IV imediatamente cativou a plateia com sua presença marcante interagiu com gestos, lançou beijos para o público e demonstrou forte entusiasmo em relação aos Nameless Ghouls, os músicos de apoio da banda. A combinação da teatralidade do show com a potência da música criou uma experiência verdadeiramente única.

De forma surpreendente, o Ghost em sua performance ao vivo apresentou um som mais robusto do que o imaginado por muitos, contrariando as previsões fundamentadas em seus registros de estúdio. Isso possibilitou que os admiradores reencontrassem a vitalidade do rock da banda em sua expressão mais autêntica.

Um dos pontos altos da noite foi a conexão profunda entre a banda e o público, à medida que fãs de diferentes idades se uniram, muitos deles vestindo maquiagem e fantasias, criando uma atmosfera de comunhão. O novo álbum da banda, "Impera" foi muito bem recebido, e em alguns momentos pareceu mais querido pelos fãs do que os álbuns mais antigos, com músicas estrategicamente inseridas no setlist, como "Spillways", "Watcher In The Sky" e "Call Me Little Sunshine". No entanto, os clássicos do Ghost, como "Cirice", "Ritual", "He Is" e "Year Zero" geraram momentos intensos antes do bis.

Atualmente o Ghost goza de um nível de popularidade e aceitação muito mais elevado do que em seus primeiros anos de carreira, com uma produção de palco que rivaliza com os grandes nomes do rock e do heavy metal. O show proporcionou uma experiência que misturou elementos do sagrado e do profano criticando sutilmente instituições religiosas; acolhendo os desajustados e os "pecadores".

Em relação às críticas que rotulam o Ghost como uma moda passageira, a noite provou o contrário. O público, incluindo os fãs das redes sociais, demonstrou sua devoção e clássicos da banda como "Mary On a Cross" emocionaram tanto os fãs mais antigos quanto os mais jovens. Após uma apresentação arrebatadora, o bis incluiu uma negociação bem-humorada com o público sobre quantas músicas seriam tocadas antes do fim da noite culminando em uma sequência final poderosa com "Kiss The Go-Goat", "Dance Macabre" e "Square Hammer". Infelizmente, apesar dos pedidos por "Twenties", não fez parte do setlist dessa vez.

A banda entregou uma noite inesquecível aos presentes e que certamente fez até os críticos mais severos repensarem suas opiniões sobre a banda. Foi um verdadeiro espetáculo que permanecerá na memória por muito tempo e consagra o Ghost como uma das bandas que tem potencial para ser tão grande como bandas clássicas que amamos.

SET LIST: 1. Kaisarion / 2. Rats / 3. Faith / 4. Spillways / 5. Cirice / 6. Absolution / 7. Ritual / 8. Call Me Little Sunshine / 9. Con Clavi Con Dio / 10. 10. Watcher in the Sky / 11. Year Zero / 12. Spöksonat / 13. He Is / 14. Miasma / 15. Mary on a Cross / 16. Mummy Dust / 17. Respite on the Spitalfields. BIS: 18. Kiss the Go-Goat / 18. Dance Macabre / 20. Square Hammer.