Coluna >> "Silent Scream"
Tiago Rago - Paulistano, nascido em 1981.
Consultor de TI.
Contato: tlsrago@gmail.com

 

Top 2009 - Álbuns (Data: 11/01/2010)

Continuando a última coluna, sobre uma retrospectiva de 2009, agora com a listagem de melhores álbuns do ano, em minha opinião.

Se 2009 foi um grande ano para shows, infelizmente não foi um ano tão inspirado em relação a lançamento de novos álbuns. Posso afirmar, com quase toda certeza, que nenhuma banda teve seu ponto mais alto da carreira em 2009.

Também devido a problemas pessoais e falta de tempo por minha parte, não consegui ouvir muitas bandas novas ou desconhecidas, o que deixou minha lista só com bandas mais conhecidas e tradicionais. Por isso, aceito sugestões de novos álbuns, no caso de não ter citado na lista.

Essa lista foi baseada apenas em álbuns lançados em 2009, que eu ouvi. Desnecessário dizer novamente que reflete apenas o meu gosto pessoal, não tendo relação nenhuma com a linha editorial do site, patrocinadores ou vendagem.

TOP 10 – Álbuns

 

 

 



10. Sick - Duff McKagan's Loaded
Confesso que não dei a menor importância para este álbum quando ele foi lançado, mas depois do excelente show da banda no Maquinaria, decidi dar uma chance e não me arrependi. Duff McKagan sempre foi o meu “Gunner” preferido, mas a sua declarada paixão pelo punk rock me deixava com um pé atrás em relação aos seus lançamentos pós-Guns. Com o álbum “Sick”, o Loaded deixa bem claro que é uma banda e não um projeto solo de Duff, e mescla bem as influências punks, sleaze, hard rock e “setentistas” conhecidas do músico. O álbum começa muito bem com músicas energéticas e refrões pegajosos, mas acaba perdendo um pouco de força da metade para frente. Apesar de não ser um super álbum, dá para se dizer que é o trabalho mais honesto já lançado por um ex-Guns N’ Roses desde o Use Your Illusion.











9. Babylon - W.A.S.P.
W.A.S.P. é uma daquelas bandas que começou muito bem a carreira e depois desandou completamente com freqüentes mudanças de formações e sonoridade. Hoje, o W.A.S.P. se resume na figura de Blackie Lawless, que depois de lançar álbuns megalomaníacos e pouco inspirados nos últimos anos (como a saga “The Neon God”) com uma sonoridade extremamente chata e cansativa, decide dar uma volta ao passado com este álbum. Logo na primeira faixa, “Crazy”, os riffs já nos remetem ao hit da banda “Wild Child”, mostrando que Blackie estava mesmo disposto a voltar ao passado. O álbum ainda tem 2 covers bem inspirados (“Burn” do Deep Purple e “Promised Land” de Chuck Berry). Se ignorar a história que álbum conta, de fundo religioso e conservador, e apenas se levar pela música, “Babylon” é dá pelo menos uma esperança que dias melhores virão para o W.A.S.P.










8. Endgame – Megadeth
O Megadeth lançou o terceiro álbum depois de sua volta em 2004, de novo com promessas que seria melhor que “Rust In Peace”, o melhor da banda, a melhor formação, etc. Claro que nada disso é verdade e não passa do circo que Dave Mustaine sempre cria na imprensa especializada em cada novo lançamento. Não me leve a mal. O Megadeth é uma das minhas bandas preferidas. Mas com nível de expectativa que Dave gera, torna impossível a banda cumprir o que promete. Endgame é um bom álbum, talvez até seja mesmo o mais técnico da banda mesmo, tem excelentes músicas como "This Day We Fight!" e "Head Crusher", mas em muitos momentos parece que estamos escutando outra banda. Faltou algo primordial para que esse álbum estivesse entre os melhores do Megadeth: o sentimento de raiva.











7. Brush-Fires Of The Mind - Jon Schaffer’s Sons Of Liberty
Projeto solo do egomaníaco guitarrista e líder do Iced Earth, Jon Schaffer. “Brush-Fires Of The Mind” foi provavelmente o último álbum de metal lançado em 2009. O álbum foi disponibilizado para download gratuito no site da banda (http://www.sons-of-liberty.net/) no final de dezembro. Jon Schaffer criou o Sons Of Liberty como forma de ferramenta política, seguindo pensamentos da ala altamente conservadora americana. Ignorando toda essa patriotada americana ridícula e doentia, Jon lançou um álbum muito bom, com uma consistência e objetividade que está fazendo falta nos álbuns do Iced Earth faz muito tempo. Jon também gravou os vocais no álbum, e cantou muito, o que dá até para suspeitar se toda a palhaçada da troca de vocalistas não foi só uma estratégia de marketing. Como o download é gratuito, baixe sem erro, ignore as letras e curta os riffs e o peso desse grande álbum.










6. Hordes Of Chaos - Kreator
Hordes Of Chaos é 12º álbum de estúdio do Kreator, e 3º álbum lançado após a banda voltar definitivamente para o Thrash Metal nos anos 2000. Infelizmente é o mais fraco dos três álbuns lançados neste período. Com boas músicas como “Warcurse”, “Destroy What Destroys You”, “Radical Resistance” e a faixa título, “Hordes Of Chaos” oferece um massacre de thrash germânico ao longo de seus pouco mais de 30 minutos de duração. Mas faltam músicas poderosas e pegajosas como “Reconquering The Throne”, “Violent Revolution”, "Impossible Brutality", "Voices of the Dead", só para citar os dois álbuns anteriores da banda. É um bom álbum, as novas músicas funcionam bem ao vivo, como tivemos a oportunidade de ver, mas acabamos ficando com a sensação que já ouvimos isso em “Enemy Of God”, por exemplo.












5. Play My Game - Tim "Ripper" Owens
Quando penso num vocalista talentoso, mas com a carreira mal aproveitada, o primeiro nome que me vem na cabeça é o do Tim Ripper. Depois de ter terminado a sua boa passagem pelo Judas Priest, Tim poderia ter aproveitado sua popularidade para montar uma banda própria ou um trabalho solo. Mas não, ele tentou de novo substituir um vocalista já consagrado. Desde sua saída do Judas até agora, Tim Owens já gravou inúmeros álbuns de lá para cá, seja como vocalista do Iced Earth, da banda de Yngwie Malmsteen ou em projetos especiais. Finalmente, em 2009, Tim Owens lançou um álbum que leva seu nome, e o álbum é muito bom. Com músicas que lembram desde Black Sabbath (fase do Dio) até algumas com sonoridade mais moderna, Tim Ripper mostra que é um dos melhores e mais completos vocalistas da sua geração. Destaques para a pesada “Play My Game” e “Starting Over”, uma balada em que Tim Ripper cala a boca dos críticos que dizem que ele não passa emoção nas músicas. Recomendado.









4. The Devil You Know - Heaven and Hell
Ronnie James Dio, Tommy Iommi, Geezer Butler e Vinny Appice. Qual a possibilidade de um álbum gravado por essas quatro lendas do metal ser ruim? Zero. E é o que acontece com “The Devil You Know”. Não importa do nome da banda, sempre que esses senhores se juntarem pode ter certeza que o som será da melhor qualidade possível. Talvez o único problema seja que o álbum é quadrado e previsível demais. Falta uma canção mais forte, que se destaque das demais, como “Neon Knights”, “Mob Rules”, “Children Of The Sea” ou "Computer God", marca registrada dos demais álbuns dessa formação. É um grande álbum, melhor que últimos lançamento solo do Dio ou do Black Sabbath, mas a expectativa é sempre alta quando estamos falando de uma lenda.









3. World Painted Blood - Slayer
O Slayer voltou chutando tudo e todos depois do lançamento do “Christ Illusion”. A banda conseguiu unir a fúria e modernidade em seu som e mostrou para o mundo porque é o principal nome do metal extremo. “World Painted Blood” é praticamente a continuação de “Christ Illusion”. Com o retorno de Dave Lombardo às baquetas e a banda voltando ao estilo que os consagrou, qualquer álbum que o Slayer lançar é certeza de muito bate cabeça. Destaque para o primeiro single, a furiosa “Psychopathy Red”, a cadenciada “Playing With Dolls” e a faixa título “World Painted Blood”. Se o álbum perde um pouco de velocidade em relação ao “Christ Illusion”, ganha em composições e variedade. Grande álbum.











2. A Taste of Extreme Divinity - Hypocrisy
Os suecos do Hypocrisy conseguiram lançar um grande álbum esse ano. “A Taste Of Extreme Divinity” consegue misturar o som extremo e caótico do álbum anterior, “Virus”, com o som mais cadenciado, quase um doom metal, como em “The Arrival” de 2004. O resultado é um Death Metal tradicional da banda, rápido e com partes cadenciadas, ideal para banguear muito. A produção sempre perfeita do vocalista, guitarrista e produtor Peter Tägtgren que consegue deixar o som bem claro apesar do peso das músicas, evidenciando o talento dos músicos. Destaque para as porradas "Valley Of The Damned" e "Taste the Extreme Divinity", as levadas cadenciadas de "Hang Him High" e "Solar Empire", além dos excelentes trabalhos de guitarra em "Weed Out The Weak". Com esse álbum, o Hypocrisy segue na elite do Death Metal sueco, que continua em boa fase.
















1. Sonic Boom – Kiss
Não sou fanático pelo Kiss. Gosto muito da banda, mas não sou desses viciados que vão pintados para o show, conhecem toda a discografia detalhadamente e sabem todos os produtos que tem no catálogo da banda. Por isso foi uma surpresa até para mim quando estava montando esta lista que “Sonic Boom” foi talvez o álbum que tenha mais me empolgado durante o ano. Estava bastante cético em relação ao álbum antes do lançamento, até que ouvi pela primeira vez o primeiro single, “Modern Day Delilah”. O Kiss praticamente revisitou a sua sonoridade, gravando o álbum com equipamentos modernos e passando muito peso nas músicas, e tudo isso sem perder as principais características da banda. Some isso a qualidade inegável de criar hits e refrões grudentos da dupla Paul Stanley e Gene Simmons. “Sonic Boom” é talvez o álbum mais sólido e honesto da banda desde “Creatures Of The Night”. O álbum praticamente não tem nenhum “filler”, que são aquelas músicas que só servem para encher espaço. Mas como destaques, posso apontar a já citada "Modern Day Delilah", além de "Russian Roulette", "Say Yeah", "All For the Glory", "Stand" e "Hot and Cold". “Sonic Boom” pode ser usado como exemplo para muitas bandas velhas que querem modernizar a sua sonoridade sem perder a sua essência.

Outros Destaques:
All Shall Fall – Immortal (Esperava mais, no fim é praticamente uma continuação do Sons Of Immortal Darkness)
Ballads of a Hangman - Grave Digger (Cada vez menos pesado e inspirado)
Evangelion – Behemoth (Quase entrou no Top10)
Fear No Evil – Doro (O álbum é deprê demais para ser considerado uma celebração dos 25 anos de carreira da eterna musa do metal)
From Afar – Ensiferum (Bom álbum, mas algumas músicas são muito cansativas)
I See Red – Claustrofobia (Ainda falta um pouco de personalidade para essa grande banda nacional)
Necropolis – Vader (Vader lança tantos álbuns, eps e singles que é difícil acompanhar a banda)
Romulus - Ex Deo (Os últimos álbuns do Kataklysm são melhores)
The Dethalbum II – Dethklok (Não tão inspirado quanto o primeiro álbum)
Wearing A Martyr's Crown – Nightrage (Não conhecia a banda, mas o álbum é muito bom)
A Touch of Evil: Live - Judas Priest (Não coloquei álbuns ao vivo nem compilações na lista)
The Miskolc Experience – Therion (Não coloquei álbuns ao vivo nem compilações na lista)
The Root of All Evil - Arch Enemy (Não coloquei álbuns ao vivo nem compilações na lista)

Decepções:







A-Lex – Sepultura
O Sepultura insistiu na fórmula chata do álbum anterior, de encher o álbum de introduções e faixas curtas, que servem apenas para dar o clima a história. Só que numa época em que todo mundo ouve música no modo shuffle do iPod não fazem o menor sentido esse tipo de recurso. Quando parece que a banda acha um tema legal para escrever sobre, falta inspiração nas composições e músicas. É impressionante como o Sepultura é uma das melhores bandas para se ver ao vivo e não conseguem passar essa energia para os novos álbuns.







American Soldier - Queensrÿche
O Queensrÿche parece que não se cansa de atingir o fundo o poço. Depois de um álbum razoável de covers e de uma tentativa frustrada de reviver o passado com o “Operation Mindcrime II”, a banda lança um álbum chatíssimo, apelando para uma patriotada e sentimentalismo ridículos. Não bastasse as letras e a história, musicalmente o álbum é completamente perdido. A banda não tem mais a menor vontade de gravar rock, e fica uma sonoridade chata e capenga. É triste ver uma grande banda como o Queensrÿche se destruir cada vez mais. Estou quase desistindo de vez da banda.








Halford III: Winter Songs - Rob Halford
Quando li que a banda Halford voltaria a gravar um álbum, eu me empolguei bastante. Afinal a banda já gravou álbuns clássicos como “Resurrection” e “Crucible”, e eu mal podia esperar para o terceiro álbum da banda do Metal God. Eis que Halford nos “presenteia” com um álbum de música de Natal. Porra! Natal e Heavy Metal não combinam, não tem como. E para piorar é um álbum ruim de natal, que nem o Roberto Carlos soa tão ruim perto dele. Falta tudo nesse álbum, peso, músicas boas, alma. Difícil de acreditar que uma banda com Roy Z, Mike Chlasciak, Mike Davis, Bobby Jarzombek, além de Rob Halford pode gravar algo tão ruim. Vergonha total.














Unarmed: Best of 25th Anniversary - Helloween
Aqui nem se trata de uma vergonha, porque se tem uma banda que não se cansa de fazer papel de ridículo e humilhar todo o seu legado é o Helloween. Não bastasse a discografia da banda estar recheada de álbuns péssimos entre seus clássicos ou da banda lançar uma continuação totalmente caça-níquel para o aclamado “Keeper Of The Seven Keys”, a banda quis apelar mais um pouco. Como comemoração de 25 anos, banda decidiu re-gravar seus principais clássicos para uma coletânea. Só que o Helloween não apenas pegou os clássicos e regravou com a formação atual. O Helloween simplesmente assassinou suas principais músicas, fazendo versões ridículas de seus principais hits. Não tem nada do metal melódico consagrado da banda nesse álbum. Até rock fica difícil de dizer que você vai encontrar aqui. Substituindo as guitarras por arranjos ridículos, a banda passa impressão de estar tirando um barato da cara de seus fãs com “Unarmed”, já que é impossível que alguém com um pingo de bom gosto achar que as novas versões irão agradar alguém. O pior é que a banda é capaz de tocar essas novas versões ao vivo a partir de agora. Esse álbum é um lixo completo, e quem é fã da banda e ainda não ouviu, não ouça para não perder o respeito e admiração que tem pela banda, como eu já perdi.

Semana que vem tem a terceira e última parte da retrospectiva. Caso queira deixar um comentário ou crítica do que escrevi até agora, me siga no twitter em @tiagorago e deixe a sua mensagem.